quinta-feira, abril 12, 2007

Ao meu afilhado

Já há muito tempo que queria escrever aqui algo ao meu afilhado. Não sei se o vou conseguir fazer, como queria.

Querido G.

Quero-te dizer para não te preocupares. Gostava de te dar conselhos úteis mas não sei se sou capaz. Não sou nenhum sábio, mas gostava que soubesses que podes contar comigo.
A verdade é que tenho por ti um sentido de proteção muito grande. Quero que ao cresceres te lembres sempre que eu estarei aqui para ti.
Talvez não te posso oferecer os melhores brinquedos ou aquele envelope mais recheado, mas vou-te dar o mundo. Porque esse dá-se a conhecer sem precisar de ir muito longe.
Quero-te ensinar o que é a liberdade, quero ter a certeza que voas porque sabes não porque alguém te está a levar.
Quero-te ensinar o que é a verdade. Que só com ela podes ir mais longe, que só através dela vais receber a verdade também.
Quero-te ensinar o que é sonhar. De que como os sonhos às vezes se tornam realidade. Como é preciso lutar por eles na mesma.
Quero-te ensinar que escusas de ficar amuado. Eu já me comecei a deixar disso. Demora muito mais tempo as pessoas perceberem o que queres.
Quero-te ensinar a dizer: "Eu gostava de..." em vez de "Hmm, não sei, tanto faz, qualquer coisa".
Quero que saibas que eu posso estar longe, que eu posso não te ver todos os dias, mas eu lembro-me de ti mais vezes das que julgas, que eu hei-de sempre fazer o esforço de vir ter contigo, de te vir procurar se eu sequer imaginar que o teu mundo pode estar a ruir.
E se um dia caíres e eu não te apanhar, é porque já cá não estou... e nessa altura, levanta-te e apanha tu o teu afilhado...

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