segunda-feira, novembro 06, 2006

à minha família

Deitado no terraço da minha casa em Lisboa, a tentar olhar estrelas que de facto não consigo ver, deu-me uma saudade enorme vossa...
tenho muito que vos agradecer e nada daquilo que eu consiga escrever aqui vai alguma vez igualar a admiração que eu tenho por cada um de vocês.
É inacreditável como por mais vezes que parte e por mais viagens que faça a sensação de chegar a casa é a mesma. Ainda não tenho a minha casa. Não tenho ninguém que me espere quando abro a porta de casa. Ocasionalmente tem amigos. Muitas vezes tem roupa a secar.
Admiro em vocês qualidades que não sinto em mim.

Admiro em ti Pai, a capacidade que tens de amar incondicionalmente. A forma atrapalhada como o fazes, mas de tal forma genuína que me impressiona. Admiro que tenhas em ti uma calma imensa, que tenhas essa capacidade de canalizar os teus esforços para aquilo que te interessa, olhando sempre para todos os que te rodeiam para saber se estão. Admiro em ti a maneira como tentas não parecer preocupado com os caminhos que escolhi, deixando-me fazer as minhas próprias escolhas, mesmo sabendo que nem sempre são do teu agrado.

Admiro em ti Mãe, a capacidade que tens de lutar. A forma galinha que tens de nos proteger sem tentares que nós percebámos. Admiro a maneira que tens de conseguires o que queres. Admiro que chores baixinho cada vez que um dos teus filhos parte e como não tentas disfarçar as lágrimas fugidias. E a maneira ternurenta que tens de nos abraçar quando sabes que não estamos bem.

Admiro em ti Mana, a forma incansável que tens de lutar. A maneira como te elevas sobre todos para poderes demonstrares o quanto tu consegues alcançar. Adoro a forma como te deixas revelar quando estamos a conversar. Admiro muito a tua capacidade para agarres aquilo que amas. Adoro a maneira traquinas que tens de te rir quando achas que fizeste alguma asneira ou quando tens alguma surpresa guardada. Admiro a forma estóica com que me defendeste.

Admiro em ti Mano, a tua persistência. A forma como lutaste pelo que acredistas. Adoro em ti a maneira estranha que tens de comunicar. A maneira que tens de te conter enquanto estás a chorar. Admiro a forma como mudaste, como deitaste abaixo as tuas muralhas para que todos pudessem ver o irmão que eu conhecia há muito tempo. Adoro a forma como sempre me protegeste.

Admiro em ti Catarina, a tua forma genuína de ser. A maneira como abriste os teus braços para me tentares compreender. Admiro em ti a maneira que tens de te apaixonar por cada momento da tua vida. Adoro a forma como tu lutas pelas tuas convicções. A maneira infantil que tens quando perguntas "porquê?". Admiro que nunca desistas de lutar, que venhas bater à minha porta quando queres falar ou como me ligas só para chorar.

Tenho em vocês fonte daquilo que eu sou e daquilo que quero ser.
Um dia hei-de vos imprimir este blog para que também vocês possam conhecer mais daquilo que este filho e irmão tem para vos oferecer. Eu sei que me escondo atrás de muita coisa, eu sei que há muito que vocês não compreendem e sei que muito disso é porque eu prefiro ficar a observar.
Vou ao frigorífico buscar um Raffaello da imensa caixa que comprei um dia destes para que neste momentos eu possa recarregar a minha energia emocional.
Um beijo grande a cada um de vocês os cinco

2 comentários:

joaninhalibelinha disse...

Apetecia-me ser tua irmã...
Lindo.

Anónimo disse...

É nestas palavras q te podemos admirar tal como tu mereces ser admirado, raramente vi tanta beleza e verdade em meia duzia de linhas, o orgulho q tens na tua famíla só pode ser um orgulho correspondido. Um abraço tb ele cheio de orgulho em ti!!!